sábado, 30 de outubro de 2010

A coincidência - destino


Sempre tem alguém por trás de tudo, e a gente tem que agradecer


Post passado falei sobre o meu bate - papo com o diretor do escritório de relações internacionais aqui. Falei que me fez acreditar em destino. Pois então, eu sempre acreditei mais em fazer por merecer do que em destino propriamente dito. Me sinto sem controle da minha própria vida e acho mais fácil viver na inércia do conformismo se eu for acreditar 100 por cento no destino. Só aceitava a história do "foi assim porque teve que ser" porque alivia o ego dodói. Mas a raíz do motivo de eu estar aqui é demais, e não tem como não acreditar pelo menos uns 60 por cento a mais e destino depois disso. Era pra eu estar aqui. 


Bom, quando eu estava pesquisando sobre vir pra cá fiz uma lista de e-mails para as universidades que me interessavam (grande parte na Alemanha...cisma de infância em conhecer a língua e o país). A HdM foi a primeira a me responder, e, como no e-mail que eu enviei eu tinha falado qual era a minha universidade e o meu país, a Frau Weiler, moça responsável pelo departamento de relações internacionais daqui, disse que tinha enviado um aluno pra UFSC no ano anterior, até aí achei "nossa que coincidência", mas nada demais, porque na UFSC tem estrangeiro caindo pelas janelas =p. Aí ela me deu o e-mail do menino, e eu reconheci o nome. Daniel. Em 2009 fiz a matéria de web design e tinham alguns intercambistas na minha sala, um deles era um alemão que se chamava Daniel e só fez algumas aulas com a gente porque não sabia falar português. Ele chamou a atenção porque começou a explicar o trabalho todo em inglês e era bonitinho. BEM bonitinho. Aí eu pensei. Tá, não é o mesmo nem a pau, Daniel é um nome bem comum na Alemanha e a UFSC tem convênio com umas 10 universidades alemãs além de ter mais de 60 cursos disponíveis. Mas mandei um e-mail pro menino, porque eu estava desesperada pelo máximo de informações possíveis, e claro, estava curiosa pra saber se era o mesmo, o que ele tinha achado do Brasil e etc. E TCHADAM, ele mandou o Facebook e era o mesmo menino que tinha sido da minha sala, e ele estudava bem na universidade que eu queria na Alemanha. Mas esta ainda é a parte mini da coincidência.


 Vim pra cá e ele mandou um recado do Facebook perguntando como estava sendo aqui e se eu estava morando bem e gostando da universidade. Todo prestativo e educado como qualquer alemão que se preze. Mandou numa quarta - feira. Na quinta -feira de manhã eu tive a minha primeira aula de Screen Design  e TCHADAM, eis que entra meia hora atrasado na sala de aula, o menino, o Daniel, e definivamente era o mesmo que estudou comigo, só mais moreno, mais barbudo e mais bonito (calma, ele tem namorada). No intervalo eu e a Carol fomos conversar com ele , ele arranhando um português, nós um alemão e foi divertido. Ah outro detalhe, ele não faz Audiovisual Mídia, faz Ciências da Computação, e só faltava uma matéria pra ele fazer pra poder fazer o TCC e ele pegou só essa matéria no semestre todo.


Nesta mesma quinta-feira a tarde eu fui tirar o meu visto. E aí o diretor do departamento me perguntou de que cidade eu era, e eu disse:


" São Paulo, mas minha faculdade é em Florianópolis"
" Sério? nós mandamos um aluno pra Florianópolis há um tempo atrás"
" ah é ? eu conheci um que foi... não sei se é o mesmo"
" não, é o mesmo sim, Daniel, ele é o  único que nós enviamos até hoje"
" sério?"
"sério. Como você ficou sabendo da HdM ?"
" vi na lista de universidades conveniadas, me interessei e enviei a application"
" ah, então eles deixam na lista...porque nós não fizemos o acordo com interesse estratégico nenhum, fizemos porque o Daniel nos procurou porque ele tem uns parentes no Brasil e queria muito ir estudar lá"
" :O então eu só estou aqui agora porque ele quis ir pra lá ? " 
"sim. Você e sua amiga são as primeiras brasileiras de intercâmbio aqui, tivemos alguns portugueses há 2 ou 3 anos atrás"


É. não acabou. Na semana seguinte encontrei ele na aula de novo, contei isso pra ele, e agradeci 30 vezes. Aí ele disse: 


" na verdade eles aqui não queriam fazer o convênio, não facilitaram em nada,  mas eu queria muito ir porque tenho família em São Paulo e queria ir pra Floripa por causa do surf, então enviei uma carta pra UFSC, meus tios de São Paulo traduziram pro português, e passei alguns meses atasanando o pessoal do departamento aqui pra conseguir o acordo até eu conseguir ir"


E  é, foi isso, ele poderia ter feito isso tudo, mas não ter sido da minha sala lá ou aqui, ou poderia ter feito isso tudo e eu ter escolhido outra universidade, ou poderia ter feito isso tudo e eu nem saber disso. Ou  ele poderia não ter feito nada disso e eu ter ido pra outra universidade, que não seria uma universidade de design, que não seria na Alemanha, que talvez eu não estivesse amando. Mas foi isso tudo. Ainda tenho que pensar num presente pra dar pro Daniel. 


Sendo menos egoísta e não achando que tudo conspira a meu favor, talvez simplesmente tudo isso aconteceu pra eu vir, escrever esse blog, divulgar tudo isso que é aqui e despertar o interesse de alguém pra fazer alguém vir (talvez a própria Carol que veio comigo), e mudar também a vida dessa pessoa, que pode mudar a de outra pessoa. Tudo porque o Daniel queria surfar em Floripa e eu aprender alemão e design na Alemanha.É. É o que a gente chama de efeito borboleta =]. 


Carol eu Daniel: Aula de Screen Design











Ah, no dia do visto o diretor perguntou o que eu sentia falta do Brasil, eu disse que do feijão, e no dia seguinte ele me chamou no escritório dele e me deu um saquinho de feijão preto *.*





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